sexta-feira, 18 de maio de 2012

Lagarto-de-água (Lacerta schreiberi)

“Finalmente encontrei” disse cerca das 14:10 H, respirando fundo. Por entre o lodo vê-se a longa cauda em tons claros, e lentamente as impurezas da água começam a assentar e reparamos que se trata de uma fêmea adulta de Lagarto-de-água (Lacerta schreiberi)
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A alegria de encontrar um animal que se procura há muito tempo é indiscritível. É certo que o Lagarto-de-Água é uma espécie relativamente fácil de encontrar nalgumas zonas do Norte do país, contudo, a busca até ao momento infrutífera, tinha sido circunscrita ao pequeno núcleo populacional que conheciamos existir no Parque Natural da Serra de São Mamede.

Segundo dados do ICNB (Janeiro de 2006) estima-se a existência de aproximadamente 115 000 indivíduos concentrados numa única ribeira do Parque Natural, apesar de, até há bem pouco tempo, não saber exatamente qual. Os números parecem tranquilizadores mas acredita-se que a espécie esteja em regressão no nosso país não só nos números populacionais mas também na sua área de distribuição. O Ricardo Lourenço procurava-o desde o início de 2011 em várias ribeiras com nascentes no “coração” da Serra de São Mamede, procurando criteriosamente locais com características semelhantes ao habitat do lagarto de água. Todavia, após longas caminhadas e horas “perdidas”, estabeleceu recentemente contactos com alguns biólogos que lhe forneceram dados concretos sobre a localização do núcleo populacional isolado na Serra de São Mamede. Rapidamente, em equipa comigo, desenvolvemos esforços no sentido de encontrar este belo animal, criando quadrículas da ribeira onde os acessos seriam possíveis e a busca pudesse ter sucesso.


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O estudo pormenorizado do terreno, quer através de cartas militares, Google Earth ou através de reconhecimento de carro e a pé, acabou por se revelar decisivo mais tarde.

Ao longo de vários dias, descemos e subimos vários troços da ribeira sem obter qualquer resultado que deixasse adivinhar a presença do animal, levando-nos a questionar o número de indivíduos e as informações que nos foram fornecidas.

Porém, hoje (Dia 17 de Maio de 2012) definimos mais uma saída de campo que nos levaria a mais dois locais promissores. Durante 2 horas caminhámos ao longo desses locais levantando pedras, caminhando dentro de água por entre o lodo e atentos ao restolhar junto da vegetação densa das margens. Nestas passagens encontrámos locais incríveis, paisagens ricas, espaços maravilhosos de vegetação e quedas de água abundantes, mas nem um único lagarto de água.


EXIF: Exposure Time: 1/80 sec; F-Number: f/3.2; Exposure Program: Aperture Priority; ISO Speed Rating: 100


Após duas horas e resignados por mais uma desilusão voltámos a um local já visitado à procura de possíveis acessos a outras zonas da ribeira. Enquanto o Ricardo se embrenhou por entre a vegetação, eu fiquei à espera perto do carro num local improvável de ocorrência da espécie mas foi precisamente nesse local onde vi esta fêmea saltar para dentro de água e disse: “Finalmente encontrei!”




Exposure Time: 1/25 sec; F-Number: f/4.0; Exposure Program: Aperture Priority; ISO Speed Rating: 100; Exposure Bias: -0.7 EV

Artigo Redigido por: Ricardo Lourenço e Luís Malheiro
Imagens: Luís Malheiro

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